segunda-feira, 17 de dezembro de 2012



AMOR LÍQUIDO: Sobre a fragilidade dos laços humanos





Com muita frequência converso com as minhas amigas e conhecidas sobre as coisas da alma, sobre os golpes coração, os amores, as paixões, os relacionamentos, ficadas, e por aí vai… Nós mulheres temos um prazer estranho em falar sobre essas coisas; compartilhar experiências, dramas, crenças, aprendizados, e talvez preconceitos…

Com relação a vida da alma e do coração nos tempos hiper-modernos que vivemos hoje, poucas pessoas tratam tão bem do tema quanto o sociólogo Zygmunt Bauman, espírito analítico e sensível, apaixonante criatura que me seduz.

Em sua obra Amor Líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos, ele ilumina muitas das questões que nos intrigam atualmente.

-       -*O que acontece atualmente com os relacionamentos humanos?
-       -*O que as pessoas, de modo geral, buscam ao se relacionarem umas com as outras?
-       -*O que media essas mudanças na forma de estabelecer laços afetivos/sexuais/ou qualquer outra espécie de laço?
-      - *O ser humano pós-moderno sabe/quer amar?
-       -*Entre tantas outras perguntas que nos instigam a pensar.

Zygmunt nos ensina que existimos em um período histórico-cultural onde os relacionamentos se dão de forma líquida; possuem como características a liquidez, o imediatismo, a efemeridade, a transitoriedade, o descompromisso. Trocamos de pares assim como trocamos de roupas ou sapatos.

Inseridos em uma lógica de intenso consumo, consumimos pessoas assim como consumimos coisas e experiências. O parceiro, a parceira, o outro, é visto como um objeto/produto a ser consumido, e não como um sujeito que possui uma complexidade em sí.

O objetivo é a busca de prazer imediato. Muito diferente da noção de desejo, que precisa ser cultivado, que necessita de um tempo para existir, que nasce de uma elaboração interna e externa, a lógica do prazer imediato não tem tempo a perder.  A satisfação deve ser instantânea e se não acontecer, a fila anda, como nos caixas do supermercado.

Um extremo individualismo  estrutura essa nova concepção dos laços humanos. O ser contemporâneo se vê como um universo em sí mesmo. Prioriza o seu prazer, os seus feitos, seus objetivos, suas necessidades, e não pretende abrir mão ou modificar algo em seus planos e projetos por outrém. A satisfação instantânea de suas necessidades emocionais/sexuais permite que não haja um envolvimento duradouro ou um compromisso efetivo com outra pessoa. Estabelecer um compromisso acarreta em alguns ganhos , mas sem dúvida em grandes perdas na tão valorizada liberdade individual.

Bauman relaciona o Amor com a Morte. Nessas duas esferas da vida humana, não existem certezas e o que há é uma imprevisibilidade absoluta. Ambos podem acontecer a qualquer momento a qualquer um, e não há nada o que se possa fazer. O ser encontra o Real, que foge ao controle do Eu.

Pelo visto, o ser pós-moderno, líquido, foge do amor assim como foge da morte, pois, acostumado a racionalmente “controlar” todos os meandros da sua vida, teme encontrar o descontrole sobre sí mesmo,  aquilo que desconhece, aquilo que lhe é estranho.

Dentro disso, cabe a cada uma de nós, escolher quais os valores que dignificam as suas vidas e os seus relacionamentos humanos.  Aceitamos, enfim, que somos um produto humano no Mercado das relações? Qual é o seu valor?

*Recomendo a todas interessadas no assunto a lerem a belíssima Obra de Zygmunt Bauman.

              Zygmunt Bauman representa o sentimento do ser líquido. Fofo né?


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