quinta-feira, 1 de março de 2012

AMOR EM TEMPOS DE FACEBOOK


Muitas vezes me pego pensando se ainda conhecemos o amor. Ou melhor: será que algum dia já o conhecemos, a ponto de saber descrevê-lo?
Muitos tentaram dominá-lo ao longo da história humana. Esse tal sentimento que alimentou e alimenta poetas, artistas, místicos, humanistas e intensamente, a nós mulheres. Concepção que faz questão aos cientistas, que por sua vez o pesquisam de diferentes formas. Alguns buscam sua materialidade enquanto outros o aceitam em sua abstração. Ninguém é imune a ele.
É bem possível a hipótese de que ele jamais tenha sido tocado, encontrado, dominado, e isto pode explicar seu tamanho poder de gerar fascinação. É uma eterna busca, uma fonte inesgotável de desejo.
O amor movimenta e dá força aqueles que o perseguem mas nunca o atingem.
Vivemos em um tempo de amor a nossa própria imagem. No facebook, realidade virtual muito popular hoje em dia, nos reconhecemos mais uma vez através dos outros. As "curtidas" nos fazem sentir mais queridos. Nosso perfil retrata o nosso imaginário: aquilo que pensamos ser, ou gostaríamos de ser.
Amamos os reflexos que vem da tela, e com eles, nossos amigos, romances, contatos quase sem fim.
A interação virtual pode ser feita ao nosso próprio gosto. Respondemos  a quem queremos, na hora que bem entendemos, selecionamos o que deixamos a mostra, e para quem o fazemos. O eu manda, o eu brilha, o eu se exibe, o eu se esconde, o EU, o EU, o EU SE AMA.
O facebook realiza e descara uma idéia já discutida entre pensadores: Ao amar  algo ou alguém, nos tornamos amáveis. E ao nos tornarmos amáveis, somos amados. Enfim, é o que demandamos incansavelmente: nos sentir amados.

Existe algum amor altruísta e completamente desinteressado?

Difícil, em tempos de facebook.