quarta-feira, 11 de abril de 2012

PROTEJA-ME DO QUE EU QUERO: RELACIONAMENTOS PROBLEMÁTICOS E O GOZO



O senhor Freud, ao teorizar sobre sua psicanálise, iniciou seu percurso acreditando que  o psiquismo humano era regulado pelo princípio do prazer. Ou seja, pensava que buscamos obter prazer através das nossas experiências de vida, e que fugimos daquilo que possa nos oferecer o oposto, a dor ou o sofrimento. Contudo, a partir de suas observações clínicas, ele percebeu que as coisas humanas não eram tão simples assim. Notou que, em muitos dos casos que atendia, as pessoas relatavam a repetição de situações extremamente dolorosas em suas vidas, e que, pasmém, ao invés de se livrarem destas situações, elas as mantinham. Muitas vezes, trocavam de objetos - por exemplo, trocavam de namorado, cidade, etc - mas mantinham a posição subjetiva perante aos fenômenos externos. Elaborou, então, noções que vão Além do princípio do prazer; ao compreender que o ser falante goza, também, através do sofrimento e da dor.

Muitas pessoas se envolvem em relações problemáticas. Os exemplos pipocam por aí. Não podemos negar que os conflitos relacionais envolvem a intensidade. O revés de um profundo amor abriga um profundo ódio. Diversos casais se excitam por meio de brigas, discussões, manifestações agressivas, e depois se entendem, e muito bem, na cama.
Quando tudo está indo bem, obrigada, algumas pessoas precisam inventar algum problema, alguma confusão, alguma coisa que vá desconstruir a aparente harmonia, para provocar excitação, tesão, caos.
Relações sadomasoquistas envolvem a violência física ou psicológica entre os sujeitos e se alimentam da energia do caos primordial, das pulsões agressivas e sexuais, não domesticáveis, do inconsciente em suas realidades. O poder circula entre os envolvidos, onde o tirano só se sustenta no seu lugar  pela  legitimação de sua vítima. Quando a vítima se revolta e altera sua posição, subitamente o tirano se perde e então, passa a sofrer, tornando-se, então, vítima.  Uma dialética sem fim: fazer sofrer e fazer-se sofrer.



Que as relações problemáticas desgastam, consomem e fazem mal aos que as vivem é de conhecimento geral. Mas o que fazer com isto? Como manejar o seu próprio desejo, ao ver-se envolto nessa situação? Se você ama alguém, deseja alguém, mas percebe que está vivendo uma relação problemática?

Cada sujeito vai ter que responder por sí, responsabilizando-se pela sua condição, pela sua existência, pelo seu sofrimento e pelo seu gozo. Sem amadurecimento emocional, alienados de nossas próprias histórias e conflitos inconscientes, projetamos no outro as nossas demandas, as nossas vicissitudes, as nossas frustrações.

Usar a energia agressiva e explosiva que há dentro de cada um de nós para criar é uma possibilidade. Inventar a vida com arte, com paixão, com desejo. Se dedicar as atividades artísticas, culturais, humanitárias, ao sublimar as pulsões agressivas e sexuais para fins mais elevados.

Ser primeiro um, para depois ser dois. Conhecer sua singularidade para então respeitá-la, em suas potencialidades e limites, ao fazer o mesmo com o outro; é uma via de encontrar melhoras nos relacionamentos humanos.    

O que você sente e pensa sobre isto? Comente.

Um comentário:

  1. COMO DIZIA FREUD, NORMAL É O PRIMITIVO. COM A CIVILIZAÇÃO O HOMEM SE DEPARA COM A REPRESSÃO DAS SUAS PULSÕES E DEMAIS INSTINTOS PRIMITIVOS. E ASSIM, APARECEM AS NEUROSES. BEM, A REPRESSÃO GERA SINTOMAS EM SEU RASTRO. E O HOMEM APRENDEU A GOZAR, TAMBÉM, ATRAVÉS DOS SEUS SINTOMAS. SE O SUJEITO SOFRE DENTRO DE UMA RELAÇÃO, MAS POSSUI ALGUM GANHO OU GOZO, ELE SE PERPETUARÁ NO RELACIONAMENTO. SE O SOFRIMENTO FOR MAIOR QUE O PRAZER, ELE IRÁ PROCURAR AJUDA, OU TERMINAR A RELAÇÃO...

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