segunda-feira, 2 de abril de 2012

BISSEXUALIDADE: AINDA UM TABU?



A bissexualidade ainda é um tabu?


Depende. Mas muitas vezes é.

As crenças sobre o interesse afetivo, erótico e sexual por ambos os sexos variaram muito ao longo da história humana. Ainda hoje, as opiniões sobre o assunto são múltiplas. Para os mais modeeerrrnos, tende a ser algo normal. Afinal, o que está aí é para ser consumido e aproveitado: produtos, lugares, experiências, pessoas: homens e mulheres. Algumas pessoas, mais conservadoras, a enxergam como uma questão de indefinição, confusão ou inconsistência subjetiva. Outras, ainda mais conservadoras, entendem a bissexualidade como perversão, lascividade.

Freud, ao teorizar sobre a realidade do inconsciente, revelou que a sexualidade infantil é perversa e moliforma e que toda a sexualidade é infantil. Portanto, toda sexualidade, a nível inconsciente, é perversa polimorfa, ou seja, pode encontrar satisfação em diferentes tipos de objetos. Não é nada incomum pessoas adultas que são hetero revelarem experiências homo na infância. É a nível da consciência que definimos os nossos objetos de interesse prioritários, ou seja, homens hetero gostam apenas de mulheres, mulheres homo gostam apenas de mulheres, e por aí vai. É a nossa história de vida que define os processos identificatórios que irão constituir o nosso eu, a nossa consciência, que irá nos dizer qual a nossa identidade sexual. Nossa consciência é também constituída pela linguagem, pelos simbólos, pelos processos históricos e culturais. Em algumas sociedades, como no caso da Grécia Antiga, os homens mantinham relações afetivo-sexuais entre eles, e as mulheres eram reservadas apenas a procriação. Hoje em dia podemos ver uma supervalorização do contato sexual entre mulheres. A maior parte dos homens manifesta o desejo de transar com duas mulheres juntas, por ser algo extremamente sensual.  Os homens, na maior parte das vezes, encontram mais dificuldade de vivenciar a bissexualidade, devido ao machismo.

A organização sexual da sociedade é fundamental para o funcionamento desta, e por isto a sua existência. Michel Foucault escreveu sobre as relações entre as forças de poder que envolvem as construções de subjetividades, os corpos, os sexos, mediadas por interesses políticos e econômicos. Chamou este conceito de biopoder. O sujeito contemporâneo busca  construir e desconstruir a sua identidade líquida, e assim o faz com a sua própria identidade sexual. Os parâmetros estão mudando, e alguns cientistas pensam que a tendência da humanidade é trilhar, cada vez mais, os caminhos da bissexualidade, ou polissexualidade, pois os limites entre o que é considerado feminino e o que é considerado masculino estão cada vez mais diluídos. Por que limitar as potências do ser?

Falar de sexo sempre gera furor.

E como eu adoro explorar paradigmas e falar sobre o que mobiliza e gera furor, fiz algumas perguntas para 3 mulheres que se consideram bissexuais. As perguntas e respostas a seguir:


1)Com que idade foi a sua primeira relação com uma menina?

Yasmin: 5, por aí.
Ariel: 14.
Rose: 21.

2) De quem foi a iniciativa? E como foi?

Yasmin: Foi minha, eu tinha uma melhor amiga e a gente tava sempre juntas. Eu dormia na casa dela e aí a noite a gente se beijava na cama.
Ariel: Foi da minha prima. Ela era mais velha e veio me beijar. Eu retribuí.
Rose: Não lembro de quem foi. Eu estava bêbada, perguntei isso pra ela no dia seguinte mas ela não lembrava também. Foi ótimo, ela era de outra cidade. A gente ficou numa noite e na outra também, dormimos de conchinha. Ela me convidou para ficar mais um dia com ela, no apartamento dela, mas eu achei demais. Depois ela voltou pra cidade dela.

3) Você já fez sexo com mulheres? E qual é, para você, a diferença de sexo com homens?

Yasmin: Já fiz. É gostoso, mas a diferença é que é mais sutil. Com homens rola mais dor, agressividade. Com mulher é algo mais carinhoso, mais sedoso, macio. Pelos menos nas experiências que tive.
Ariel: Sou bissexual e sinto prazer com ambas as anatomias, mas são coisas distintas. Quando estou com uma mulher, perco o referencial masculino.
Rose: Não. Por medo, vergonha, falta de vontade... sei lá.

4) Você se culpa por viver sua bissexualidade?

Yasmin: Já me culpei. Uma vez me apaixonei por uma menina e fui pra terapia achando que eu era lésbica. Percebi que não era bem assim depois de um tempo, que eu gostava de homens, muito, mas que mulheres também tinham a sua magia. Dizem que sempre existe uma tendência mais forte para um lado, acho que o meu é para o lado dos homens, porque o sexo com homem é delicioso para mim. Eu prefiro.
Ariel: Não. Nunca fui muito dependente de conceitos de senso comum. Toda essa repressão social, familiar, não rolou comigo. Fui criada de forma liberal.
Rose: Não, porque eu acho muito natural a atração entre seres humanos, independente do sexo. Quando eu era mais nova me sentia estranha, talvez mais culpada, mas hoje eu penso que você não precisa escolher. Acho que você vai vivendo e uma hora vai preferir uma pessoa a outra, ou não...

E aí? O que você pensa sobre a bissexualidade?

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Um comentário:

  1. APESAR DO APARELHO BIOLÓGICO (PÊNIS OU VAGINA), O SER HUMANO POSSUI TODAS AS CARACTERÍSTICAS DE UM HOMEM E UMA MULHER. A BISSEXUALIDADE É INERENTE AO SER HUMANO. PORÉM, A CIVILIZAÇÃO E A EDUCAÇÃO JUDAICO-CRISTÃ ESTABELECEM UM PADRÃO DE VALORES E CONDUTAS A PARTIR DO APARELHO BIOLÓGICO, ANULANDO OU IGNORANDO O DESEJO DO SUJEITO. PARA FREUD, NÓS NASCEMOS BISSEXUAIS. POR OUTRO LADO, A IGNORÂNCIA E O PRECONCEITO SÃO MAIS FORTES EM DECORRÊNCIA DA REPRESSÃO SOCIAL E DOS DÓGMAS IMPOSTOS PELAS IGREJAS.

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